COMERCIALIZAÇÃO ELETRÔNICA DE HORTIGRANJEIROS E FLORES
1. INTRODUÇÃO
A CEASA Campinas foi fundada em 1972 e entrou em operação em 1975, sendo, na época, uma das únicas Centrais de Abastecimento do país a ser instalada fora de uma capital de Estado e a ter como acionista uma Prefeitura Municipal, além da COBAL, que foi a empresa do Governo Federal encarregada de implantar o Sistema Nacional de Centrais de Abastecimento.
A CEASA, como entreposto atacadista, é um ponto de concentração física da produção de hortigranjeiros e flores, oriunda de diversas regiões do país. As mercadorias são destinadas aos comerciantes instalados no entreposto, constituídos como empresas permissionárias do espaço administrado pela CEASA. Estas podem atuar como prepostas dos produtores rurais, vendendo as mercadorias em consignação, ou podem simplesmente comprar as mercadorias de diferentes fontes e revendê-las, o que é mais comum.
A comercialização se dá pelo contato direto de vendedores (que são as empresas permissionárias da CEASA) e compradores (na sua maioria, varejistas de hortigranjeiros, além de atacadistas de outras praças, ou clientes institucionais, como restaurantes, hotéis, hospitais, etc). A negociação de cada produto normalmente tem como base a quantidade do mesmo que deu entrada no mercado no dia, quantidade esta que, em última instância, irá determinar os preços a serem praticados, em confronto com a demanda pelo produto naquele dia.
Esse processo de e quot;formação do preço e quot; acontece com razoável eficiência, uma vez que a estrutura da CEASA e a localização dos diversos boxes e módulos estimula a concorrência e possibilita aos agentes envolvidos nas negociações uma noção precisa da disponibilidade ou não de cada produto no dia, permitindo que as decisões sejam tomadas com segurança. Pode-se dizer que as características da comercialização de hortigranjeiros impedem que os vendedores obtenham vantagens além daquelas consideradas normais para sua atividade.
Se a estrutura física apresenta méritos indiscutíveis, a comercialização em si está marcada por uma série de ineficiências, que representam custos adicionais significativos no segmento atacadista da comercialização. Nesse sentido, um aspecto a ser ressaltado é o do conservadorismo que caracteriza os comerciantes instalados nos entrepostos, onde os níveis de rudimentarismo e de informalismo permanecem elevados, gerando perdas física e altos índices de inadimplência entre os agentes, entre outros problemas.
Com efeito, questões básicas para o aperfeiçoamento dos mercados, como o desenvolvimento de embalagens, a melhoria da padronização e classificação de produtos, o treinamento de agentes e outras, foram totalmente desconsideradas pelas administrações, após a transferência do comando das Centrais de Abastecimento para os Estados e Municípios. É este o quadro que precisa ser revertido, uma vez que ele compromete o potencial de prestação de serviços das CEASAs e induz a um imenso desperdício de recursos nos sistemas de produção e comercialização de hortigranjeiros no país.
2. DO QUE SE TRATA
A implantação do sistema eletrônico objetiva a modernização do sistema de distribuição de produtos hortigranjeiros e flores no país. Através dela espera-se incrementar as operações comerciais via mercados normatizados, atraindo para estes parcela da produção que hoje é negociada em mercados paralelos, ou diretamente por produtores que não se sentem satisfeitos com as condições vigentes nas CEASAs.
Este aperfeiçoamento contribuirá, também, para aumentar a credibilidade das informações estatísticas, uma vez que possibilitará o acompanhamento direto dos preços praticados. A utilização do meio eletrônico tornará mais efetiva, do mesmo modo, a difusão maciça da informação.
O funcionamento do novo sistema, por suas características, propiciará uma maior transparência ? s operações comerciais, tornando evidente para todos os agentes o processo de formação de preços, e corrigindo, desse modo, uma deficiência do sistema atual, que gera interpretações equivocadas sobre o desempenho das CEASAs, sobretudo entre os produtores. Assim, o novo sistema, exercerá um papel importante na formação de um conceito novo sobre o funcionamento do mercado, ajudando a vencer resistências e preconceitos. Cada produtor terá a oportunidade de acompanhar as negociações em torno do seu produto.
Com relação ? produção, prevê-se que o novo sistema será um grande fator de estímulo ? introdução de melhorias nos aspectos de padronização, classificação e de embalagens, que são fatores que hoje comprometem a competitividade de nossos produtos e que geram perdas e desperdícios de grande monta. Em parte, o estímulo se dará pela própria obrigatoriedade de operar com produtos e embalagens de qualidade.
Outra meta almejada pelo novo sistema é a da eliminação da informalidade no mercado de hortigranjeiros, uma vez que haverá registro de todas as transações. Desse modo, estará sendo eliminada também a inadimplência que hoje desestabiliza o mercado, pois a conclusão das diversas transações será garantida pela intervenção do agente financeiro que atuará no sistema.
Isto garantirá a participação de pequenos produtores e comerciantes, pela maior segurança embutida no processo, e também propiciará ? estes agentes igualdade de oportunidades na aquisição dos lotes que serão colocados ? venda.
De modo geral, espera-se maior eficiência em todas as fases da comercialização, especialmente pela padronização que, entre outros benefícios, levará ? maior racionalização nos transportes e ? agilização das transações e do processo decisório. A conseqüência natural será a redução dos custos de intermediação, com reflexos positivos para a renda dos produtores.
3. ONDE ESTAMOS
Inicialmente, poder-se-ia dizer que, diante dos problemas crônicos e estruturais que afetam grande parte da produção e a distribuição de hortigranjeiros no país, os entrepostos atacadistas são os organismos que reúnem as melhores condições para facilitar a introdução e divulgação de novas técnicas e novos conhecimentos entre os agentes envolvidos na cadeia de abastecimento.
Por suas próprias características, os mercados atacadistas são o ponto de encontro de todos os agentes, fato que possibilita ? estas estruturas concentrar e difundir as informações relativas ? s culturas e ? s zonas produtoras. Além disso, diante da crônica carência de dados e estatísticas que assola nossa agricultura, as CEASAs continuam sendo o único elo da cadeia de abastecimento que dá transparência total ao sistema de abastecimento. Elas mostram com clareza, ou dão uma noção muito exata, de quanto está sendo produzido de cada produto no país, em quais regiões produtoras, em que épocas e ? que preços estão sendo comercializados estes mesmos produtos. Revelam, por fim, quais são os períodos propícios para a produção.
Os entrepostos atacadistas produzem informações, e informações, segundo todos os técnicos ligados aos agronegócios, são hoje o principal insumo da agricultura. Além disso todas estas informações estão colocadas ? disposição de qualquer interessado, gratuitamente.
Assim, pode-se afirmar que as CEASAs foram e continuam sendo a única política agrícola destinada aos produtos hortigranjeiros, o que evidencia o papel que elas desempenharam em termos de racionalização da comercialização e de estímulo aos demais elos da cadeia, e valoriza ainda mais o fato delas não terem deixado de produzir estatísticas e informações ao longo do tempo.
Com efeito, as CEASAs, tal como as demais empresas públicas, foram atingidas pelo sucateamento da máquina estatal nas últimas décadas. Processo este que desarticulou o SINAC e quebrou o caráter de sistema que unia os diversos mercados, com reflexos negativos no gerenciamento técnico da maioria dos mercados.
Embora possa parecer pouco, para quem não conhece o setor, esta desarticulação ocasionou, de imediato, um prejuizo inestimável, que atingiu o âmago de um patrimônio que os mercados vinham consolidando em conjunto e que era representado por um e quot;sistema nacional de informações e quot;, administrado pela antiga COBAL. A cessação do intercâmbio de dados e experiências antes centralizadas por essa empresa também representaram um sério revés para o aperfeiçoamento técnico dos mercados.
É necessário complementar que um investimento na revitalização dos setores técnicos das CEASAs poderá impulsionar mais rapidamente este desenvolvimento. E é possível acrescentar ainda que, em última instância, esse processo poderá significar a recuperação do caráter de sistema que unia as Centrais, definindo, tanto quanto possível, um mercado nacional a ser trabalhado. Ignorando este caminho, as soluções a serem encontradas virão a prazo muito mais longo e custarão muito mais caro para o país.
Por fim, vale registrar que o Brasil só terá algum destaque no comércio mundial de produtos in natura se houver uma opção clara do seu Governo nesta direção. Caso contrário, continuaremos como participantes marginais em um mercado que está em franca expansão, e continuaremos a desperdiçar nosso imenso potencial de produção de uma infinidade de frutas, hortaliças e flores, de grande aceitação internacional.
Assim, na ausência de mudanças, o cenário que irá prevalecer é o que se desenhou após o real e que forneceu uma pequena amostra da nossa frágil competitividade nessa área. Logo após o plano de estabilização, nossa produção, como se sabe, chegou a perder espaço com a importação crescente de produtos de melhor qualidade. Com o câmbio desvalorizado, nos fechamos novamente.
4. PARA ONDE VAMOS
A perspectiva de que o comércio de hortigranjeiros e flores nos moldes observados atualmente nas CEASAs caminha para um quadro de dificuldades crescentes, antevendo-se a possibilidade de modificações acentuadas no médio prazo, com uma maior concentração no setor e a eliminação de um número significativo de empresas.
Sem questionar o mérito indiscutível dos mercados normatizados como pólos geradores de informações estratégicas para toda cadeia produtiva, entre outras qualidades, o certo é que as operações nas CEASAs estão se tornando proibitivas para a maioria das empresas permissionárias, ou, de outro modo, as CEASAs estão se tornando estruturas muito caras dentro de um mercado cada vez mais exigente em eficiência, custos e qualidade.
4.1 Mercado, trabalho e oportunidade
Pensando nestas questões e no seu próprio futuro, a CEASA-Campinas vem se empenhando na implantação de um Sistema Eletrônico de Comercialização de Hortigranjeiros e Flores, projeto que deverá permitir a seus permissionários adentrarem com segurança no mundo das vendas via INTERNET, aumentando suas receitas sem incorrer em novos custos e, adicionalmente, liquidando definitivamente com o (até agora) crônico problema da inadimplência, uma vez que as operações serão garantidas por um agente financeiro.
Do ponto de vista da CEASA-Campinas, além do objetivo de aumentar seu faturamento, a empresa considera que está, do mesmo modo, cumprindo sua função pública e dando uma contribuição expressiva para o aperfeiçoamento do mercado, na medida em que estimule produtores e atacadistas a classificar e padronizar seus produtos, meta arduamente perseguida pelos grupos que se reúnem nas Câmaras Setoriais e condição imprescindível para as vendas através do meio eletrônico.
Com a comercialização eletrônica, a CEASA-Campinas pretende dar um grande passo ? frente. Tecnicamente, o mercado eletrônico é constituído por um sistema de comercialização que permite reproduzir na tela do micro todas as situações e tipos de relações comerciais observadas no mercado físico. Além disso, os equipamentos e computadores interligados permitirão aos usuários diversos tipos de aplicações, tais como oferta, compra e venda de produtos hortigranjeiros, flores e industrializados, atendimento remoto de clientes, disponibilização de informações via rede pública (Internet) e via rede privativa da CEASA-Campinas (Intranet) e exportação das transações efetuadas para os sistemas de gestão empresarial das empresas.
4.2 Universalização de Serviços para a Cidadania
A implantação deverá propiciar a superação gradativa de boa parte dos problemas que hoje caracterizam a comercialização de hortigranjeiros e flores, como a falta de padronização, falta de identificação do produto e da origem, a inadimplência e a informalidade, entre outros. Isto ocorrerá na medida em que os agentes forem se adaptando ao novo processo, o que, na visão da CEASA, deverá acontecer natural e rapidamente, pelas vantagens que ele trará.
Para os compradores de FLV, sobretudo para os supermercados que já estão bastante informatizados, as vantagens estarão na sensível redução de custos operacionais que o sistema possibilitará, aliada ? uma maior eficiência e agilidade da área de compras, ? racionalização de procedimentos, ? maior possibilidade de controle gerencial das operações e ? garantia de recebimento de mercadorias selecionadas e classificadas de acordo com os padrões consagrados pelo mercado.
Basicamente, o novo sistema consiste em um software avançado de e-commerce, mas de fácil operação, que permitirá que vendedores e compradores dialoguem entre si, em tempo real, ou que interajam com o próprio sistema, que poderá fechar as transações automaticamente, na medida em que as pré-condições definidas por uma parte (preço mínimo, preço máximo, local de entrega, prazos, etc) sejam atendidas pela outra parte. Gerenciando o funcionamento estarão a própria CEASA e o agente financeiro, que garantirá as operações.
Apesar do sistema implantado pela CEASA Campinas garantir total privacidade e manutenção da individualidade de cada participante, ele, na prática, representará o fim da informalidade que caracteriza o mercado atacadista de frutas e hortaliças. Hoje a maioria das negociações ainda são fechadas com base na confiança, ou com anotações em cadernetas e outros documentos precários, que não dão qualquer garantia efetiva ? s partes. Adicionalmente, o registro eletrônico das transações permitirá a divulgação de informações precisas sobre quantidades negociadas e preços praticados, possibilitando total transparência ao mercado e eliminando quaisquer dúvidas que possam gerar questionamentos no caso de vendas consignadas.
Assim, é válido concluir que o sistema eletrônico reforçará o conceito da CEASA como o espaço mais acessível e seguro para a sobrevivência de pequenos produtores e comerciantes, uma vez que estes terão condições de colocar suas ofertas em igualdade com os demais, na medida em que se preocupem com a qualidade de seus produtos. Terão, adicionalmente, a certeza de receber preços justos por suas mercadorias, balizados exclusivamente pelas condições de oferta e procura, e não por pressões leoninas dos grandes compradores.
4.3 Governo ao Alncance de Todos
O despreparo dos agentes e a ausência de uma política efetiva de modernização são as marcas mais características do setor hortigranjeiro na atualidade, e explicam as cifras fantásticas de produtos que se perdem anualmente por falta de condições adequadas de produção e comercialização. Do mesmo modo, estas deficiências justificam a participação inexpressiva do Brasil no mercado mundial de frutas e hortaliças.
4.4 P e amp;D, Tecnologias-chaves e Aplicações
A inadequação das embalagens em uso no momento, bem como a falta de classificação e de padrões oficiais para a maioria dos produtos certamente representarão barreiras imensas para uma adesão significativa ao projeto.
Se o sucesso dos primeiros participantes representar um incentivo para os demais permissionários, servindo para impulsionar o mercado em direção ? padronização e classificação, ele já terá justificado plenamente o investimento da CEASA, enquanto órgão público com responsabilidades na modernização do setor.
5. O QUE FAZER
Alguns problemas ainda ameaçam o desenvolvimento do mercado eletrônico, como o conservadorismo, resistência dos agentes (compradores e vendedores) e práticas realizadas na comercialização da velha economia. Porém, como no mercado convencional, a credibilidade, a confiabilidade e a fidelização de clientes devem ser encaradas de maneira séria pelas empresas virtuais, fazendo no novo hábito, uma relação de confiança e satisfação para ambas as partes, aproximando compradores e vendedores e influenciando mercados globais, em uma economia onde as barreias físicas se tornarão cada vez menores e mais fácei de serem ultrapasadas.
5.1 Ações Estruturantes
COMERCIALIZAÇÃO ELETRÔNICA DE HORTIGRANJEIROS E FLORES
1. INTRODUÇÃO
A CEASA Campinas foi fundada em 1972 e entrou em operação em 1975, sendo, na época, uma das únicas Centrais de Abastecimento do país a ser instalada fora de uma capital de Estado e a ter como acionista uma Prefeitura Municipal, além da COBAL, que foi a empresa do Governo Federal encarregada de implantar o Sistema Nacional de Centrais de Abastecimento.
A CEASA, como entreposto atacadista, é um ponto de concentração física da produção de hortigranjeiros e flores, oriunda de diversas regiões do país. As mercadorias são destinadas aos comerciantes instalados no entreposto, constituídos como empresas permissionárias do espaço administrado pela CEASA. Estas podem atuar como prepostas dos produtores rurais, vendendo as mercadorias em consignação, ou podem simplesmente comprar as mercadorias de diferentes fontes e revendê-las, o que é mais comum.
A comercialização se dá pelo contato direto de vendedores (que são as empresas permissionárias da CEASA) e compradores (na sua maioria, varejistas de hortigranjeiros, além de atacadistas de outras praças, ou clientes institucionais, como restaurantes, hotéis, hospitais, etc). A negociação de cada produto normalmente tem como base a quantidade do mesmo que deu entrada no mercado no dia, quantidade esta que, em última instância, irá determinar os preços a serem praticados, em confronto com a demanda pelo produto naquele dia.
Esse processo de e quot;formação do preço e quot; acontece com razoável eficiência, uma vez que a estrutura da CEASA e a localização dos diversos boxes e módulos estimula a concorrência e possibilita aos agentes envolvidos nas negociações uma noção precisa da disponibilidade ou não de cada produto no dia, permitindo que as decisões sejam tomadas com segurança. Pode-se dizer que as características da comercialização de hortigranjeiros impedem que os vendedores obtenham vantagens além daquelas consideradas normais para sua atividade.
Se a estrutura física apresenta méritos indiscutíveis, a comercialização em si está marcada por uma série de ineficiências, que representam custos adicionais significativos no segmento atacadista da comercialização. Nesse sentido, um aspecto a ser ressaltado é o do conservadorismo que caracteriza os comerciantes instalados nos entrepostos, onde os níveis de rudimentarismo e de informalismo permanecem elevados, gerando perdas física e altos índices de inadimplência entre os agentes, entre outros problemas.
Com efeito, questões básicas para o aperfeiçoamento dos mercados, como o desenvolvimento de embalagens, a melhoria da padronização e classificação de produtos, o treinamento de agentes e outras, foram totalmente desconsideradas pelas administrações, após a transferência do comando das Centrais de Abastecimento para os Estados e Municípios. É este o quadro que precisa ser revertido, uma vez que ele compromete o potencial de prestação de serviços das CEASAs e induz a um imenso desperdício de recursos nos sistemas de produção e comercialização de hortigranjeiros no país.
2. DO QUE SE TRATA
A implantação do sistema eletrônico objetiva a modernização do sistema de distribuição de produtos hortigranjeiros e flores no país. Através dela espera-se incrementar as operações comerciais via mercados normatizados, atraindo para estes parcela da produção que hoje é negociada em mercados paralelos, ou diretamente por produtores que não se sentem satisfeitos com as condições vigentes nas CEASAs.
Este aperfeiçoamento contribuirá, também, para aumentar a credibilidade das informações estatísticas, uma vez que possibilitará o acompanhamento direto dos preços praticados. A utilização do meio eletrônico tornará mais efetiva, do mesmo modo, a difusão maciça da informação.
O funcionamento do novo sistema, por suas características, propiciará uma maior transparência ? s operações comerciais, tornando evidente para todos os agentes o processo de formação de preços, e corrigindo, desse modo, uma deficiência do sistema atual, que gera interpretações equivocadas sobre o desempenho das CEASAs, sobretudo entre os produtores. Assim, o novo sistema, exercerá um papel importante na formação de um conceito novo sobre o funcionamento do mercado, ajudando a vencer resistências e preconceitos. Cada produtor terá a oportunidade de acompanhar as negociações em torno do seu produto.
Com relação ? produção, prevê-se que o novo sistema será um grande fator de estímulo ? introdução de melhorias nos aspectos de padronização, classificação e de embalagens, que são fatores que hoje comprometem a competitividade de nossos produtos e que geram perdas e desperdícios de grande monta. Em parte, o estímulo se dará pela própria obrigatoriedade de operar com produtos e embalagens de qualidade.
Outra meta almejada pelo novo sistema é a da eliminação da informalidade no mercado de hortigranjeiros, uma vez que haverá registro de todas as transações. Desse modo, estará sendo eliminada também a inadimplência que hoje desestabiliza o mercado, pois a conclusão das diversas transações será garantida pela intervenção do agente financeiro que atuará no sistema.
Isto garantirá a participação de pequenos produtores e comerciantes, pela maior segurança embutida no processo, e também propiciará ? estes agentes igualdade de oportunidades na aquisição dos lotes que serão colocados ? venda.
De modo geral, espera-se maior eficiência em todas as fases da comercialização, especialmente pela padronização que, entre outros benefícios, levará ? maior racionalização nos transportes e ? agilização das transações e do processo decisório. A conseqüência natural será a redução dos custos de intermediação, com reflexos positivos para a renda dos produtores.
3. ONDE ESTAMOS
Inicialmente, poder-se-ia dizer que, diante dos problemas crônicos e estruturais que afetam grande parte da produção e a distribuição de hortigranjeiros no país, os entrepostos atacadistas são os organismos que reúnem as melhores condições para facilitar a introdução e divulgação de novas técnicas e novos conhecimentos entre os agentes envolvidos na cadeia de abastecimento.
Por suas próprias características, os mercados atacadistas são o ponto de encontro de todos os agentes, fato que possibilita ? estas estruturas concentrar e difundir as informações relativas ? s culturas e ? s zonas produtoras. Além disso, diante da crônica carência de dados e estatísticas que assola nossa agricultura, as CEASAs continuam sendo o único elo da cadeia de abastecimento que dá transparência total ao sistema de abastecimento. Elas mostram com clareza, ou dão uma noção muito exata, de quanto está sendo produzido de cada produto no país, em quais regiões produtoras, em que épocas e ? que preços estão sendo comercializados estes mesmos produtos. Revelam, por fim, quais são os períodos propícios para a produção.
Os entrepostos atacadistas produzem informações, e informações, segundo todos os técnicos ligados aos agronegócios, são hoje o principal insumo da agricultura. Além disso todas estas informações estão colocadas ? disposição de qualquer interessado, gratuitamente.
Assim, pode-se afirmar que as CEASAs foram e continuam sendo a única política agrícola destinada aos produtos hortigranjeiros, o que evidencia o papel que elas desempenharam em termos de racionalização da comercialização e de estímulo aos demais elos da cadeia, e valoriza ainda mais o fato delas não terem deixado de produzir estatísticas e informações ao longo do tempo.
Com efeito, as CEASAs, tal como as demais empresas públicas, foram atingidas pelo sucateamento da máquina estatal nas últimas décadas. Processo este que desarticulou o SINAC e quebrou o caráter de sistema que unia os diversos mercados, com reflexos negativos no gerenciamento técnico da maioria dos mercados.
Embora possa parecer pouco, para quem não conhece o setor, esta desarticulação ocasionou, de imediato, um prejuizo inestimável, que atingiu o âmago de um patrimônio que os mercados vinham consolidando em conjunto e que era representado por um e quot;sistema nacional de informações e quot;, administrado pela antiga COBAL. A cessação do intercâmbio de dados e experiências antes centralizadas por essa empresa também representaram um sério revés para o aperfeiçoamento técnico dos mercados.
É necessário complementar que um investimento na revitalização dos setores técnicos das CEASAs poderá impulsionar mais rapidamente este desenvolvimento. E é possível acrescentar ainda que, em última instância, esse processo poderá significar a recuperação do caráter de sistema que unia as Centrais, definindo, tanto quanto possível, um mercado nacional a ser trabalhado. Ignorando este caminho, as soluções a serem encontradas virão a prazo muito mais longo e custarão muito mais caro para o país.
Por fim, vale registrar que o Brasil só terá algum destaque no comércio mundial de produtos in natura se houver uma opção clara do seu Governo nesta direção. Caso contrário, continuaremos como participantes marginais em um mercado que está em franca expansão, e continuaremos a desperdiçar nosso imenso potencial de produção de uma infinidade de frutas, hortaliças e flores, de grande aceitação internacional.
Assim, na ausência de mudanças, o cenário que irá prevalecer é o que se desenhou após o real e que forneceu uma pequena amostra da nossa frágil competitividade nessa área. Logo após o plano de estabilização, nossa produção, como se sabe, chegou a perder espaço com a importação crescente de produtos de melhor qualidade. Com o câmbio desvalorizado, nos fechamos novamente.
4. PARA ONDE VAMOS
A perspectiva de que o comércio de hortigranjeiros e flores nos moldes observados atualmente nas CEASAs caminha para um quadro de dificuldades crescentes, antevendo-se a possibilidade de modificações acentuadas no médio prazo, com uma maior concentração no setor e a eliminação de um número significativo de empresas.
Sem questionar o mérito indiscutível dos mercados normatizados como pólos geradores de informações estratégicas para toda cadeia produtiva, entre outras qualidades, o certo é que as operações nas CEASAs estão se tornando proibitivas para a maioria das empresas permissionárias, ou, de outro modo, as CEASAs estão se tornando estruturas muito caras dentro de um mercado cada vez mais exigente em eficiência, custos e qualidade.
4.1 Mercado, trabalho e oportunidade
Pensando nestas questões e no seu próprio futuro, a CEASA-Campinas vem se empenhando na implantação de um Sistema Eletrônico de Comercialização de Hortigranjeiros e Flores, projeto que deverá permitir a seus permissionários adentrarem com segurança no mundo das vendas via INTERNET, aumentando suas receitas sem incorrer em novos custos e, adicionalmente, liquidando definitivamente com o (até agora) crônico problema da inadimplência, uma vez que as operações serão garantidas por um agente financeiro.
Do ponto de vista da CEASA-Campinas, além do objetivo de aumentar seu faturamento, a empresa considera que está, do mesmo modo, cumprindo sua função pública e dando uma contribuição expressiva para o aperfeiçoamento do mercado, na medida em que estimule produtores e atacadistas a classificar e padronizar seus produtos, meta arduamente perseguida pelos grupos que se reúnem nas Câmaras Setoriais e condição imprescindível para as vendas através do meio eletrônico.
Com a comercialização eletrônica, a CEASA-Campinas pretende dar um grande passo ? frente. Tecnicamente, o mercado eletrônico é constituído por um sistema de comercialização que permite reproduzir na tela do micro todas as situações e tipos de relações comerciais observadas no mercado físico. Além disso, os equipamentos e computadores interligados permitirão aos usuários diversos tipos de aplicações, tais como oferta, compra e venda de produtos hortigranjeiros, flores e industrializados, atendimento remoto de clientes, disponibilização de informações via rede pública (Internet) e via rede privativa da CEASA-Campinas (Intranet) e exportação das transações efetuadas para os sistemas de gestão empresarial das empresas.
4.2 Universalização de Serviços para a Cidadania
A implantação deverá propiciar a superação gradativa de boa parte dos problemas que hoje caracterizam a comercialização de hortigranjeiros e flores, como a falta de padronização, falta de identificação do produto e da origem, a inadimplência e a informalidade, entre outros. Isto ocorrerá na medida em que os agentes forem se adaptando ao novo processo, o que, na visão da CEASA, deverá acontecer natural e rapidamente, pelas vantagens que ele trará.
Para os compradores de FLV, sobretudo para os supermercados que já estão bastante informatizados, as vantagens estarão na sensível redução de custos operacionais que o sistema possibilitará, aliada ? uma maior eficiência e agilidade da área de compras, ? racionalização de procedimentos, ? maior possibilidade de controle gerencial das operações e ? garantia de recebimento de mercadorias selecionadas e classificadas de acordo com os padrões consagrados pelo mercado.
Basicamente, o novo sistema consiste em um software avançado de e-commerce, mas de fácil operação, que permitirá que vendedores e compradores dialoguem entre si, em tempo real, ou que interajam com o próprio sistema, que poderá fechar as transações automaticamente, na medida em que as pré-condições definidas por uma parte (preço mínimo, preço máximo, local de entrega, prazos, etc) sejam atendidas pela outra parte. Gerenciando o funcionamento estarão a própria CEASA e o agente financeiro, que garantirá as operações.
Apesar do sistema implantado pela CEASA Campinas garantir total privacidade e manutenção da individualidade de cada participante, ele, na prática, representará o fim da informalidade que caracteriza o mercado atacadista de frutas e hortaliças. Hoje a maioria das negociações ainda são fechadas com base na confiança, ou com anotações em cadernetas e outros documentos precários, que não dão qualquer garantia efetiva ? s partes. Adicionalmente, o registro eletrônico das transações permitirá a divulgação de informações precisas sobre quantidades negociadas e preços praticados, possibilitando total transparência ao mercado e eliminando quaisquer dúvidas que possam gerar questionamentos no caso de vendas consignadas.
Assim, é válido concluir que o sistema eletrônico reforçará o conceito da CEASA como o espaço mais acessível e seguro para a sobrevivência de pequenos produtores e comerciantes, uma vez que estes terão condições de colocar suas ofertas em igualdade com os demais, na medida em que se preocupem com a qualidade de seus produtos. Terão, adicionalmente, a certeza de receber preços justos por suas mercadorias, balizados exclusivamente pelas condições de oferta e procura, e não por pressões leoninas dos grandes compradores.
4.3 Governo ao Alncance de Todos
O despreparo dos agentes e a ausência de uma política efetiva de modernização são as marcas mais características do setor hortigranjeiro na atualidade, e explicam as cifras fantásticas de produtos que se perdem anualmente por falta de condições adequadas de produção e comercialização. Do mesmo modo, estas deficiências justificam a participação inexpressiva do Brasil no mercado mundial de frutas e hortaliças.
4.4 P e amp;D, Tecnologias-chaves e Aplicações
A inadequação das embalagens em uso no momento, bem como a falta de classificação e de padrões oficiais para a maioria dos produtos certamente representarão barreiras imensas para uma adesão significativa ao projeto.
Se o sucesso dos primeiros participantes representar um incentivo para os demais permissionários, servindo para impulsionar o mercado em direção ? padronização e classificação, ele já terá justificado plenamente o investimento da CEASA, enquanto órgão público com responsabilidades na modernização do setor.
5. O QUE FAZER
Alguns problemas ainda ameaçam o desenvolvimento do mercado eletrônico, como o conservadorismo, resistência dos agentes (compradores e vendedores) e práticas realizadas na comercialização da velha economia. Porém, como no mercado convencional, a credibilidade, a confiabilidade e a fidelização de clientes devem ser encaradas de maneira séria pelas empresas virtuais, fazendo no novo hábito, uma relação de confiança e satisfação para ambas as partes, aproximando compradores e vendedores e influenciando mercados globais, em uma economia onde as barreias físicas se tornarão cada vez menores e mais fácei de serem ultrapasadas.
5.1 Ações Estruturantes
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