AGROSOFT 99
II Congresso da SBI-Agro

Rentagri - Análise de Sistema de Custo e Rentabilidade Agrícola para Fácil Compreensão e Uso do Produtor Rural

Autores

Aloizio Magrini
Email: magrini@netpatos.com.br
Vínculo: Diretor de Desenvolvimento de Sistemas da CEM TRÔNICA LTDA
Endereço: R. José de Santana, 313 -Centro - 38700-000 Patos de Minas - MG
Telefone: 34-823.1331

Celso Cursino Guimarães
Email: cem@netpatos.com.br
Vínculo: Diretor Comercial da CEM TRÔNICA LTDA
Endereço: R. José de Santana, 313 -Centro - 38700-000 Patos de Minas - MG
Telefone: 34-823.1331

Resumo

UMA SISTEMÁTICA SIMPLES DE APURAÇÃO DE CUSTO E RENTABILIDADE AGRÍCOLA

Este trabalho apresenta o resultado de nossa pesquisa iniciada em 1986 na busca de uma solução de fácil compreensão na apuração de Custos e Rentabilidade Agrícola. Usando os critérios sugeridos, será possível suprir a atividade agrícola com uma padronização de custos, necessários na comparação de produtividade, visando a otimização de eficiências de técnicas agrícolas. Um exemplo real de relatório é apresentado no final. Cada relatório pode ser customizado pelo usuário, oferecendo uma infinidade de informações úteis, sem limites de cruzamento de formas de pesquisa.

Abstract

AN EASY TO USE AND USE TO LEARN SYSTEM OF GAUGING AGRARIAN PRODUCTION COST & PROFITNESS CRITERIA

This work presents research results begun in 1.986 looking for a simple solution of gauging Agrarian Production Cost & Profitness. Using the suggested criteria it will be possible to suplly the agriculture ativity with a cost standardization, required in the comparation of produtivity results, looking forward otimization in the efficiency of agricultural technique. A sample of bbreal report is presented in the last part. Every report can be customized offering profuse and profitable information, without limits of crossing research.

Palavras chaves

Custo Agricultura; Administração Rural; Rentabilidade Agrícola; Produtividade Agrícola; Padrões de Custos Agrícola

Agriculture; Administration; Agrarian Profitness; Agrarian Produtivity; Agrarian Costs; Agriculture Cost

 

1. INTRODUÇÃO

Mais que software, ou interface, que processa dados de campo na apuração de custos agrícola, uma sistemática precisa ter uma "cara" amigável com ao produtor rural. É preciso transformar números em algo compreensível, como forma de sinalização para tomadas de decisão. O indispensável academicismo permanece apenas, nos conceitos de Custos Indireto e Direto. Assim, o produtor terá um panorama de seu custo total, podendo segregar dele, o peso de sua estrutura administrativa. Eventual adoção dos critérios apresentados, permitirá, a nível nacional (e quiçá internacional), comparar custos diretos e respectivas rentabilidade de várias técnicas aplicadas em culturas ou serviços agrícolas similiares. Além disso, procedimentos específicos da agricultura (casos de meieros, venda da produção no pé, custos intermediários entre atividades e outros), exigem conhecimento dos custos parciais, tão bem acumulação de custos quando se mantém os produtos em armazéns, aguardando melhores preços de mercado.

Havendo este consenso proposto sobre estandardização na obtenção dos Custos Diretos, poderemos explicitar, uma proposta inédita e exclusiva, com algoritmo eletrônico de rateio de Custo Indireto, mantendo a independência de dados sobre Mão de Obra, Máquinas e Insumos.

 

2. NOVOS PARADIGMAS EM CUSTOS

As propostas contidas neste trabalho dizem respeito, exclusivamente ao objetivo de se apurar Custo de Produção Agrícola. Em nenhuma hipótese teremos a pretensão de mudar a teoria contábil. No entanto, fique claro que as amarras contidas nestes antigos preceitos, constituem-se empecilhos que descrevemos a seguir, devidamente justificados os seus expurgos da sistemática apresentada.

O Expurgo de "Custos Fixos e Variáveis"

Fica patente que os conceitos de "custos fixos" e "custos variáveis" foram importados das teorias de custo industrial urbano para a agricultura. Está certo que, em alguns casos específicos seria desejável saber os Custos Fixos na agricultura.

Mas, na maioria dos casos, para conhecê-los no rigor da palavra FIXO, deveríamos manter as intempéries sob controle, as pragas afastadas com o uso talvez de espantalhos, ou ainda com uma série de providências para conseguir que permanecessem custos variáveis, apenas aqueles ligados ao incremento de produção. Além disso, o próprio planejamento de culturas sazonais deveriam ser interdependente dos preços internacionais ditados pela globalização.

Ora, está claro que isto não ocorre na agricultura, salvo em raras exceções

O Expurgo de "Custo Operacional"

Este conceito é ligado às necessidades de que, em Contabilidade, há necessidade de se "fechar exercício". Nota-se que a teoria contábil quando formulada, não dispunha de ferramentas ora disponibilizadas pela informática que permite totalizar eventos que ultrapassem períodos anuais. Basta perceber que Custo Operacional, também disponível para a indústria, diz respeito a algo pronto que aguarda a comercialização. Quando é que o produto agrícola está pronto? Após ser colhido ou após ser beneficiado?

Pela teoria, a armazenagem e seus custos de defensivos e climatização não são considerados custo de produção, mas Operacionais... Ora, queremos um custo prático e definitivo para tomada de decisão comercial -específico do produto.

Soma-se a isto, a insuficiência do conceito "Ano Agrícola 98/99". Ele só se presta ao governo para fazer suas projeções. Para o agricultor, uma safra ou ciclo começa no preparo do terreno (ou antes) e segue até a venda do produto. Isto pode durar meses ou vários anos.

O Custo Efetivo no Meio do Ciclo

A agricultura brasileira é diversificada e mais ainda a forma de comercialização. Há a figura do Meiero ou da indústria que adquire o produto ainda no pé, implicam na obrigatoriedade de se saber o custo agrícola em qualquer fase.

Exatamente nesta hora, o produtor vai apurar o custo por atividade, por produto, por gleba e por uma série de detalhes que não seriam importantes conhecer, se o preço de venda fosse relativamente bem definido.

Pergunta-se então: Que preço de venda praticar, se uma "boa" proposta lhe for feita ao longo do ciclo? Que negócio pode-se combinar com o Meiero que lhe remunere adequadamente mas que não comprometa o preço de venda nem a lucratividade?

Para estas respostas, há necessidade de se conhecer custos parciais já devidamente engordados pelos encargos sociais, tanto nos custos diretos quanto indiretos. Estes, às vezes, só serão efetivados depois de 1 a 2 anos. Da mesma forma, os custos de depreciações diversas, sobretudo de máquinas trabalhando, precisarão estar contidos na apuração parcial para se ter certeza dos custos no meio do ciclo produtivo.

Apuração de Custo Segregado do Controle de Despesas.

Com as premissas anteriores, sabemos que a apuração de Custo de Produção não mais estará atrelada ao controle de caixa ou contábil.

A ferramenta de controle de caixa que usamos é o CAIXAGRI. Qualquer outro poderá ser usado mas precisará estar preparado como ele, ao segregar despesas por Departamento Produtivo. As Despesas Mensais que não fizerem parte da composição do Custo Direto e não forem Investimentos, serão totalizadas e receberão o nome de parcela Mensal de Custo Indireto.

Adotando-estas premissas anteriores, teremos o modelo simples de custos:

 

3. COMPOSIÇÃO DO CUSTO

Custo Direto - Apontamentos com Simplicidade

Em uma linha de produção industrial urbana, pode-se imaginar um apontador anotando minutos de cada trabalhador ativo ou ocioso.

No entanto, o "chão de fábrica" na agricultura é extenso demais para se levar a experiência urbana para o campo. A mobilidade e versatilidade na agricultura não pode ser tolhida, havendo necessidade de mudanças bruscas de atividades que nem sempre se completaram mas precisam ser interrompidas ou postergadas.

Os três fatores básicos de custos diretos que são os insumos, a mão de obra e as máquinas, são tratados, nesta proposta, com uma simplicidade exigida. Usa-se apenas uma única planilha de apontamentos denominada Ordem de Serviço. As simplificações foram obtidas criando-se parâmetros para quantificar:

Mas chama-se a atenção para o fato de não ser recomendável atribuir nomes de departamentos para atividades as quais não tenhamos elementos para totalizar os custos indiretos específicos de cada um.

Os Custos Indiretos, apurados mensalmente, são distribuídos através de uma proporcionalidade cientificamente planejada, pelos fatores de Mão de Obra, Máquinas ou Insumos. Ela leva em conta, primeiro aqueles específicos de cada departamento e depois os custos indiretos da Administração Central. Para distribuí-los, criamos o conceito de Taxa de Absorção.

 

4. TAXA DE ABSORÇÃO - A LÓGICA E EXEMPLO

Para ficar mais fácil a compreensão acompanhe conosco o raciocínio: Não pensemos, em momento algum, nos peões que estão no campo, carregando e aplicando os insumos, consertando máquinas, varrendo a casa sede. Vamos imaginar que você tenha 10 funcionários exclusivamente administrativos (como se todos tivessem de prancheta na mão). Como você iria distribuí-los pelas tarefas exclusivamente de administrar os seguintes recursos de:

  • Mão de Obra é dividida entre Horistas e a de Produção.
  • Máquinas são divididas em próprias e alugadas.
  • Insumos
  • Outras despesas diretas na Produção
  • (Administrar as tarefas e não executá-las).

    Vejamos a sugestão Rentagri® na tabela 1:

    Recursos a Serem Administrados Pessoas % % Percentual
    Mão de Obra de Horista (Própria) 2 20 40
    Mão de Obra Produção (tarefeiros) 2 20
    Máquinas Agrícolas Próprias 2 20 40
    Máquinas Agrícolas Alugadas 2 20
    Insumos
    Outras Despesas Diretas Produção
    1
    1
    10
    10
    10
    10
    Total 10 100 100

    Tabela 1

    Em todas as propriedades nas quais já implantamos a sistemática, quando o responsável propõe os fatores acima, sempre há consenso sobre os percentuais que permanecem próximos dos referidos no Tabela 1. Adotam-se os que mais convier à realidade da empresa e faz-se o refinamento ao longo do tempo.

    Em todas as matrizes de custos geradas em relatórios, além das colunas de mão de obra, máquinas e insumos, aparecerá a coluna dos Custos Indiretos. Estes já terão sido distribuídos, proporcionalmente em cada linha do relatório, levando-se em conta, o valor despendido pelo Custo Direto do serviço em cada atividade. Também terão considerado as proporcionalidades pelas influência expressadas pela Tabela 1. Primeiro, o sistema realiza a distribuição por cada departamento, dando a cada um o devido peso da estrutura administrativa. Depois, o sistema volta refazendo todo o cálculo, destafeita distribuindo o Custo Indireto da Administração Central, que atende a todos os departamentos produtivos.

    O modelo apresentado aqui, é altamente confiável, consistente e esbanja simplicidade e o algoritmo é totalmente transparente ao usuário. Teremos então, relatórios os mais variados, com o máximo de detalhes ou com a máxima sintetização. Segue-se um exemplo (dos mais simples) de resultados: 

    Relatório de Custos – Café em Produção ano 96

    DEPARTAMENTO=AGRICULTURA ANO AGRICOLA=1996' TALHÃO=CEM.CF??????,I]

    [ATIVIDADE/CULTURA=CAFÉ ESTAGIO DA CULTURA=PRODUCAO]

      Área
    Terreno
    Área
    Cultivada
    Mão de Obra Máquinas Insumos Custos Indiretos Percentual
    %
    TOT ADUB QUIMICA 341,13 294,49 1,64 2,34 88,06 7,96 20,24 %
    ADUBACOES ORGANICAS 76,62 72,18 11,96 25,98 23,23 38,84 0,53 %
    TOTAL ADUBACOES 341,13 294,49 2,01 3,32 84,88 9,80 22,14 %
    CAPINAS QUIMICAS 36,72 28,12 14,18 19,98 29,05 36,79 0,18 %
    TOTAL CAPINAS 341,13 294,49 14,88 30,46 0,53 54,14 9,88 %
    TOTAL CTR SISTEMICO 133,38 109,17 0,70 2,25 91,39 5,66 3,93 %
    COLHEITA 341,13 294,49 72,18 0,02   15,68 29,09 %
    BENEFICIAMENTO 341,13 294,49 16,05 2,18 47,03 22,61 2,89 %
    TOTAL DO RELATÓRIO 341,13 294,49 28,62 9,74 33,06 24,38 100,00 %

    Unidade: SC 60 KGS
    Quantidade: 8.521, scs
    Preco Unitario: US$ 186,00
    Área de CULTURA: 294,49 ha
    Produtividade: 28,93 scs/ha
    Custo Total: US$ 1.111.341,34
    Custo Unitario: US$ 130,42
    Ponto de Equilíbrio: 5.974,953 scs
    Ponto de Equilíbrio: 20,289 scs/ha
    Lucro Total: US$ 473.564,66
    Lucro: US$ 1.608,08/ha
    Rentabilidade: 42,61 %