AGROSOFT 99
II Congresso da SBI-Agro

Grupo de Interesse em Pesquisa para a 
Agricultura Familiar


Autores

Carlos Alberto Alves Meira
Email: carlos@cnptia.embrapa.br
Vínculo: Embrapa Informática Agropecuária – www.cnptia.embrapa.br
Endereço: Caixa postal 6041 – 13083-970 – Campinas, SP.
Telefone:

Resumo

A agricultura familiar tem sido destaque nos debates sobre uma nova estratégia de desenvolvimento rural para o Brasil. Este artigo apresenta a iniciativa do Grupo de Interesse em Pesquisa para a Agricultura Familiar (GIPAF) em contribuir com a discussão dessa temática pela internet. O objetivo do GIPAF é tornar disponível informação sobre agricultura familiar na sua home page ( www.cria.org.br/gip/gipaf ) e promover interação e cooperação entre instituições e pessoas por meio de um fórum eletrônico. O GIPAF foi criado no início de 1998 e vem se consolidando cada vez mais, contando com um número expressivo de acessos mensais e com cerca de duas centenas de participantes do fórum eletrônico. Espera-se com este artigo estimular novas iniciativas de criação de grupos de interesse em outras áreas do conhecimento.

Abstract

Family farming has been main subject in the discussion of a new Brazilian’s rural development strategy. This paper presents an initiative called "Internet Research Group on Family Farming" (GIPAF) which contributes to that discussion. The GIPAF’s main objective is to establish a reference searching place for family farming information ( www.cria.org.br/gip/gipaf ) and to promote the communication, the discussion and the cooperation between the agents involved in family farm questions.

Palavras chaves

Agricultura familiar, Internet, Web, Lista de discussão.

 

1. INTRODUÇÃO

No Brasil, a utilização do termo agricultura familiar é recente, apresentando inclusive diferentes interpretações e definições sobre o seu significado e amplitude (Bittencourt & Bianchini, 1996). Abramovay destaca que o importante é que três atributos básicos estão presentes em todas essas definições: gestão, propriedade e trabalho familiares (Seminário..., 1997).

Apesar do crescente avanço do interesse pela agricultura familiar, sua real importância econômica, social e cultural, ela ainda não está completamente incorporada entre políticos, pesquisadores, professores e outros agentes sociais.

Há a necessidade de alargar os horizontes da compreensão sobre o real valor da agricultura familiar em nosso país e, para tanto, não se pode prescindir de nenhum meio que tenha potencial de informar e gerar o debate nas mais diferentes esferas da vida pública e privada brasileira.

Assim, os meios mais modernos de informação, como a rede mundial de computadores e os fóruns virtuais de discussão, têm, na atualidade, importante papel na socialização da informação e no fomento ao debate. Uma dessas iniciativas é representada pelo projeto "Grupo de Interesse em Pesquisa para a Agricultura Familiar" (GIPAF), por meio de sua home page (Figura 1) e de uma lista de discussão a ela anexada.

Figura 1: Home page do GIPAF ( www.cria.org.br/gip/gipaf )

O GIPAF tem dois objetivos centrais. O primeiro é a coleta, sistematização e disponibilização de informações sobre os mais variados temas relacionados à agricultura familiar. O segundo diz respeito à criação de um ambiente de discussão sobre a realidade da agricultura familiar. Ambos objetivos se complementam e têm proporcionado as condições para uma consciência mais clara sobre os problemas e as alternativas em construção, para a reversão do quadro de exclusão social a que está hoje submetido este segmento da sociedade.

2. A ESTRUTURA DO GIPAF

2.1 – Seções Temáticas

As seções temáticas atuais do GIPAF são: ‘Conceitos’, ‘Questão Agrária’, ‘Meio Ambiente’, ‘Agroindústria’ e ‘Produção Agrícola’. A primeira seção apresenta diferentes conceitos de agricultura familiar extraídos da literatura. As demais seções tratam os seus amplos temas no contexto da agricultura familiar.

Cada seção temática possui a figura do editor. O editor é uma pessoa ou grupo de pessoas com reconhecida competência no tema referente à seção e atuante na agricultura familiar.

As principais atribuições de um editor são: estabelecer o conteúdo e a abrangência do tema sob sua responsabilidade, a partir de orientação básica definida pela coordenação do GIPAF, e, caso haja necessidade, dividi-lo em subtemas; indicar, a seu critério, editores para os subtemas definidos; levantar, tratar e organizar material/informação a respeito do tema de interesse; participar na definição e na operacionalização dos instrumentos de atualização e alimentação de informação; incentivar e moderar discussões a respeito do tema; e analisar e aprovar a relevância de informações e trabalhos submetidos.

As seções temáticas possuem uma estrutura básica padrão. No cabeçalho, é indicado o editor da seção e fornecido um link para abertura de mensagem de correio eletrônico para contato com este. Após o cabeçalho, existe um índice para acesso a um texto introdutório da seção, consulta às publicações relacionadas disponíveis no GIPAF e consulta a uma coleção de referências bibliográficas selecionada pelo editor.

2.2 – Itens de Informação

Os itens de informação do GIPAF são: ‘Projetos’, ‘Eventos’, ‘Fórum Eletrônico’, ‘Publicações’, ‘Bibliografia’, ‘Agricultura Familiar em Números’ e ‘Links’.

O item de informação ‘Fórum Eletrônico’ é uma página Web de divulgação da lista de discussão da agricultura familiar anexada ao GIPAF. Nesta página os visitantes encontram informações gerais sobre a lista e podem fazer a sua inscrição e outras solicitações ao servidor da lista. Além disso, há indicação de listas de discussão internacionais relacionadas de alguma forma com a agricultura familiar.

O item de informação ‘Publicações’ é o que possui o maior conteúdo disponível, todo ele analisado e aprovado pelos coordenadores e editores do GIPAF. Nele encontram-se:

Os demais itens de informação fornecem, principalmente, a programação de pesquisa em agricultura familiar do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), o calendário de eventos nacionais e internacionais relacionados com a temática, referências bibliográficas separadas por temas ou levantamentos realizados, números extraídos e sintetizados de pesquisas e censos realizados, e links de interesse para o GIPAF.

 

3. RESULTADOS E REPERCUSSÃO

O GIPAF foi criado no início de 1998 e vem se consolidando cada vez mais, contando com um número expressivo de acessos mensais. Isso pode ser constatado através de uma análise das estatísticas de acesso ao site do CRIA, onde o GIPAF está inserido. A Figura 2 apresenta o gráfico de acessos de outubro de 1998 até setembro de 1999 (gerado no dia 20 de setembro). Agosto foi o mês com maior número de acessos (30.367).

O gráfico e os totais mensais são referentes ao site do CRIA como um todo (a ferramenta que gerou os dados está configurada para emitir as estatísticas para o domínio www.cria.org.br ). No entanto, analisando as cem (100) páginas mais visitadas do CRIA, tem-se um bom conjunto de dados sobre o GIPAF. Em todos os meses analisados, desde junho de 1998, mais de 50% das páginas mais visitadas do CRIA são do GIPAF.

Figura 2: Gráfico de acesso ao site do CRIA (acessos e arquivos).

Em agosto de 1999, das 100 páginas mais visitadas do CRIA, 58 foram do GIPAF. A página principal do GIPAF foi a página mais visitada do CRIA, com um total de 1.358 acessos. A segunda página mais visitada também foi do GIPAF, o item ‘Publicações’, superando a página principal do CRIA.

Muitas mensagens têm sido enviadas pelos visitantes do GIPAF, tanto para a coordenação do projeto quanto para os editores. As seções temáticas estão entre as 15 páginas mais visitadas do GIPAF.

Muitas pessoas têm submetido artigos, teses de doutorado e livros para publicação. E muitas pessoas têm consultado essas publicações, havendo casos de comentários aos autores.

A lista de discussão foi criada em julho de 1998 e conta atualmente com cerca de 230 participantes. São pesquisadores, professores universitários, funcionários de órgãos governamentais, agentes de organizações não governamentais, profissionais liberais, extensionistas e outros. Já circularam aproximadamente 500 mensagens, principalmente discussões sobre temas relacionados com a agricultura familiar, solicitações de informação e divulgação de eventos, tais como seminários, congressos e lançamentos de livros.

 

4. CONCLUSÕES

Analisando os resultados alcançados pelo GIPAF e o sucesso de público que tem sido, pode-se chegar a duas conclusões. Primeiro, confirma-se o crescimento do interesse pela temática da agricultura familiar. Segundo, consolida-se como boa iniciativa a criação de grupos de interesse em pesquisa.

Os GIPs podem se tornar pontos de referência nacionais e até internacionais para se buscar informações a respeito de determinados temas de interesse. Eles contribuem para a troca de conhecimentos e cooperação entre pessoas e instituições, facilitando a elaboração de projetos em parceria e ajudando a evitar que esforços semelhantes sejam conduzidos em diferentes instituições ou que pesquisas mal sucedidas sejam repetidas.

Finalmente, espera-se com este trabalho estimular a criação de iniciativas semelhantes à do GIPAF em outras áreas do conhecimento.

 

5. REFERÊNCIAS