AGROSOFT 99
II Congresso da SBI-Agro


Adoção e Uso da Informática por Escolas Agrotécnicas Federais de Ensino: Uma Abordagem Preliminar

 

Autores 

André Luiz Zambalde
Email: zambalde@ufla.br
Vínculo: Universidade Federal de Lavras - UFLA/ Departamento de Ciências Exatas
Endereço: Caixa Postal 37 - 37200-000 LAVRAS - MG
Telefone: (35) 829-1123 Fax.(35)829-1100

Marcos Aurélio Lopes
Email: malopes@ufla.br
Vínculo: Universidade Federal de Lavras/ Departamento de Medicina Veterinária

José Carlos dos Santos Jesus
Email: jcsjesus@ufla.br
Vínculo: Universidade Federal de Lavras/ Departamento de Administração e Economia

Gustavo Quiroga Souki
Email: gusouki@vsnet.com.br
Vínculo: Universidade Federal de Lavras/ Mestrado em Administração e Economia 

Resumo

O presente trabalho é originário de um conjunto de monografias escritas por professores e funcionários de Escolas Agrotécnicas Federais - EAF's, alunos do Curso de Pós-graduação em Informática na Agropecuária, modalidade Ensino à Distância, promovido pela Universidade Federal de Lavras/MG. Tem-se como objetivo apresentar a real situação em que se encontram as Escolas Agrotécnicas no que diz respeito a adoção e uso da informática (hardware e software). Descreve-se os principais equipamentos utilizados, os programas, os investimentos em formação de recursos humanos, educação e treinamento, as questões relativas à manutenção de hardware, entre outras.

Abstract

The present work is based on a set of monographs written by lecturers and employees of several federal technical schools of agriculture, distance learning graduate students on Informatics in Farming, promote by the Federal University of Lavras/MG. Its goal is to present the real situation of these schools in respect to the adoption and use of informatics (hardware and software). It describes the mainly used equipment, programs, the investments in formation of human features, education and training, the relative questions to the hardware maintenance, among other

Palavras Chaves

informática; educação, adoção, uso e impactos da informatização

1. INTRODUÇÃO

A preocupação em começar a sistematizar estudos e experiências na área de informática aplicada à agricultura, agropecuária e agroindústria vem sendo objeto de trabalho de vários pesquisadores, professores e organizações. A intenção maior é atender diretamente, de alguma forma, a produtores e empresários. Nesse sentido, nos dias atuais, espera-se uma grande evolução no que diz respeito à difusão e utilização de computadores, periféricos e aplicativos no meio rural.

Sob o ponto de vista de formação dos recursos humanos, as universidade e escolas de todo o país desempenham um papel central na aplicação e implantação de técnicas associadas à utilização da informática no âmbito das Ciências Agrárias. Devem incumbir-se de facilitar o acesso ao acervo cultural de conhecimentos científicos, tecnológicos e econômicos aos estudantes, os quais constituirão o pessoal de projeto, administração, extensão e pesquisa no contexto dos agronegócios.

O presente trabalho objetiva investigar se as escolas agrotécnicas federais de ensino - que têm como finalidade primordial ministrar o ensino técnico agrícola de nível médio na sua forma regular - estão empenhadas a facilitar e promover o acesso ao acervo de conhecimentos em informática aos seus estudantes. Neste sentido, realizou-se um diagnostico sobre: laboratórios e cursos existentes, conteúdo de disciplinas, principais equipamentos utilizados, programas básicos e aplicativos, investimentos em formação de recursos humanos, educação e treinamento e questões relativas à manutenção do conjunto de equipamentos utilizados.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo Santos (1997) , o ensino profissionalizante no Brasil passa por profundas alterações com a nova regulamentação da Lei das Diretrizes e Bases da Educação. Encontramo-nos em plena revolução da informação, na qual uma quantidade incalculável de conhecimentos, recursos técnicos e científicos chegam às escolas a todo o momento. Muitas vezes, colocando sob suspeita os tradicionais métodos de ensino. Além disso, a educação profissional necessita constantemente de ajustes com a finalidade de preparar profissionais com conhecimentos, competências, habilidades e atitudes para exercer as mais diferentes atividades no mercado de trabalho, entre as quais a de aprender a lidar com as novas tecnologias.

Para Martins (1991) o acesso aos produtos da informática é fator crucial que demarca a fronteira entre os conhecedores e os não-iniciados nesta ciência. E para ter este acesso é necessário que haja investimento. É aí que as instituições públicas de ensino podem proporcionar às camadas menos favorecidas, no caso os educandos, o convívio com a informática através de aulas teóricas e práticas.

As escolas agrotécnicas federais, por exemplo, por se situarem afastadas dos grandes centros urbanos, são verdadeiras ilhas de conhecimento, pois geralmente não há instituição pública de nível médio que possua a quantidade e a qualidade de recursos humanos e equipamentos utilizados por elas. O único problema, segundo Jesus (1997), é que nestas escolas encontra-se uma defasagem em relação ao software, ou seja, quase não há utilização de softwares direcionados às áreas do currículo dos cursos. Softwares que viabilizem uma sinergia entre os conteúdos e a prática.

Este é um aspecto importante a se observar, continua Jesus (1997), deve-se procurar conscientizar os professores das áreas específicas que poderiam melhor motivar suas aulas e proporcionar maior proximidade dos conteúdos de ensino a prática de utilização ferramentas de software direcionadas ao estudo em questão. O professor ainda precisa aprender muito, para descobrir a sua hora e a sua vez neste mundo pleno de tecnologia.

Finalmente, observando o produto final das escolas: os profissionais - com a utilização da informática houve um preparo melhor, pois os "estudantes" já saem com noções básicas de como manipular o microcomputador, ou seja, ligar e ativar um aplicativo, na maioria das vezes, de caráter genérico como processador de textos, planilha eletrônica e software de apresentação (Breda, 1998).
 

3. METODOLOGIA

Este estudo pode definir-se como uma investigação exploratória, realizada no período de 01/99 a 06/99.

Para coleta de dados foi elaborado e enviado um questionário aos responsáveis pela área de informática de todas as escolas agrotécnicas federais de ensino do país. O questionário foi formulado com o objetivo de avaliar as reais condições oferecidas para o ensino de informática nos cursos que formam técnicos em agropecuária. Redigiu-se também um texto explicando os motivos pelos quais a pesquisa estava sendo realizada, com detalhes sobre como preencher corretamente e devolver o questionário.

As principais questões dizem respeito a: existência e uso de laboratórios de informática; quantidade e configuração de computadores e periféricos; formas de conexão entre as máquinas; posicionamento curricular das disciplinas de informática; carga horária; conteúdos ministrados, serviços Internet mais utilizados, formação do corpo docente e modo de assistência técnica.

O questionário foi remetido pelo correio e colocado na Internet. Após o retorno dos entrevistados, os dados foram classificados e encaminhados a processamento computadorizado para estudo, avaliações, análises e discussões.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Do total de 46 questionários enviados, 28 retornaram adequadamente preenchidos. São estes 28 questionários que serão considerados neste estudo a partir de agora.

Todas as agrotécnicas participantes da pesquisa possuem laboratório específico para as aulas de informática. A média de equipamentos em cada um dos laboratórios é da ordem de 37 microcomputadores. A maioria dos microcomputadores correspondem à plataforma Intel/Pentium. Geralmente, em laboratório, tem-se 02 alunos por microcomputador.

Quanto ao software básico (sistema operacional) utilizado, tem-se que todos os equipamentos rodam Windows 9x. No entanto, observou-se que 02 escolas trabalham também com Linux e 01 escola com Windows NT.

No que diz respeito à forma de conexão entre os equipamentos, constatou-se e existência de microcomputadores isolados com conexão a Internet, equipamentos em rede interna e conectados a Internet, equipamentos somente em rede interna, e equipamentos totalmente isolados (figura 1).

Figura 1 - Forma de Conexão entre os Equipamentos

Com relação ao posicionamento da Disciplina Informática na grade curricular, apurou-se que na maioria das escolas (23) referida disciplina faz parte da grade do curso. No entanto, em 02 escolas ela é lecionada em sistema modular - proposto na recente reformulação curricular. Em outras 03 escolas é lecionada a título de extensão.

Quanto à série no qual a disciplina é lecionada, tem-se que em 10 escolas ela encontra-se na 2a série, em outras 6 na 2a e 3a séries. Existindo ainda outras combinações que vão da 1a a 3a série, conforme ilustrado na figura 2.

Figura 2 - Série em que esta posicionada a disciplina

A carga horária padrão para a Disciplina Informática é de 60 horas de aula em todo o curso (geralmente com duração de 3 anos). Independentemente se estas horas são divididas ao longo dos anos de curso em 30 e 30 ou 20 e 40 por exemplo. O conteúdo ministrado é composto quase totalmente pelos seguintes assuntos: sistema operacional e pacotes genéricos - processador de textos, planilha eletrônica e gráficos em geral.

No entanto, existem algumas exceções no contexto dos assuntos abordados, como é o caso do ensino de conexão e navegação Internet e uso de softwares rurais (figura 3).

Figura 3 - Conteúdo da Disciplina Informática

Neste sentido, pode-se observar que o uso e a difusão de softwares agrícolas é muito pequeno nas agrotécnicas. Estas escolas que são verdadeiros centros de produção agrícola deveriam dar uma maior ênfase a este assunto. Mesmo no caso das escolas em que ocorre uma abordagem ao software agropecuário, ela é altamente direcionada à área de zootecnia. Somente em duas escolas apurou-se que algumas disciplinas da área técnica utilizam softwares agropecuários como recurso didático. Estes softwares são apresentados nas aulas de zootecnia (gerência de rebanho e cálculo de ração) e engenharia agrícola (topografia).

No que diz respeito à formação e capacitação dos professores da Disciplina Informática, apurou-se que um total de 8 professores são pós-graduados (especialistas) em informática; 16 são graduados: informática (9), engenharia (2), matemática (2), história (1), biologia (1) e veterinária (1); e 4 são técnicos. Com relação ao investimento em treinamento e capacitação desses professores, verificou-se que somente 9 escolas chegaram a investir em cursos para os mesmos, seja de especialização, aperfeiçoamento ou extensão. Os professores parecem acomodados em suas atuais atividades.

Finalmente, quanto à manutenção do hardware (figura 4), tem-se esta é realizada por: técnico em eletrônica ou professor da própria escola (Local = 21 escolas); por empresa especializada que presta serviços esporadicamente à escola (Avulsa = 5 escola) ou por empresa especializada que presta serviços periodicamente à escola (Contratada = 2).

                                            Figura 4 - Formas de manutenção do hardware
 

5. CONCLUSÕES

Com as novas tecnologias, especialmente com a informática, as escolas agrotécnicas tem seu potencial educacional altamente incrementado. A grande maioria das escolas possui equipamentos atualizados e tem capacidade de manutenção local, o que é altamente econômico e tecnologicamente ideal.

No entanto, em se tratando de software, observou-se falta de experiência e maturidade educacional. Ao que se pode concluir, os programas agropecuários, agrícolas e agroindústriais ainda não chegaram às escolas. É o professor que não busca atualizar-se ou não tem o apoio necessário às suas atividades por parte da direção, ou é o marketing dos programas direcionados ao setor rural que ainda não atingiram às escolas agrotécnicas.

Em resumo, falta um maior investimento em treinamento e uma conscientização dos dirigentes, professores e funcionários dos benefícios e vantagens da informatização rural. Sabe-se que no setor é grande a falta de conhecimento sobre o assunto, neste sentido os profissionais formados pelas escolas não podem enfrentar o mercado - o mundo da informação e do agronegócio - se não estiverem adequadamente preparados.

6. BIBLIOGRAFIA CITADA